Quem, ao observar a capa da People, não irá dizer que Paris Hilton, "socialite" ("profissão" que apenas consegue tangenciar a futilidade porque a capacidade, a vontade e, principalmente, a necessidade de consumir dessa "tribo" gera empregos), é uma ... boba?
- Homens e mulheres, afortunados ou não, que desejam tornar-se celebridades sem, ao menos, terem talento para alguma coisa (qualquer coisa), expõem-se na mídia para mostrar o seu "conteúdo".
- Graças à atração feroz pelo "spotlight", deixam seu mundo-glamour para viver uma "Simple Life".
- Problema de quem assiste.
- Bastaria pegar o controle remoto e ... zap,zap,zap.
- Mas o "BoBo" do artigo em questão não é um tolo, necessariamente.
- "BoBo" é a sigla para "burguês boêmio", o Bohemian Bourgeois.
- Apesar da aparência hippie ou camponesa, são "fashionists".
- Transmitem uma imagem "tô nem aí" desde que com muito estilo.
- De dentro do armário, sai a produção despojada:
- um jeans (Diesel, por exemplo), uma camiseta básica (GAP, por exemplo), um par de Havaianas e uma sacola (Prada?), sob óculos escuros (brechó) grandes o suficiente para esconder olheiras e mais, se possível, um chapéu que comporte um cabelo "detonado".
- Nas férias, um hotelzinho bucólico, que tenha no máximo 5 acomodações, situado em alguma vila de difícil acesso e que demande reservas com ao menos uns 6 meses de antecedência.
- Estão em "avant-premiére" de filmes estrangeiros e assistem clássicos quando em casa.
- No quesito restaurantes, já freqüentaram certamente os (míseros) que disponibilizam um "blind taste", cuja "missão" é oferecer "sensações".
- Como a degustação ocorre às escuras, todos pretendem ser, por um momento, deficientes visuais, num lugar sem iluminação, "degustando" o que quer que seja trazido à mesa.
- (Essa é (foi) uma moda que não será tendência jamais.)
- Os "bobos" não são uma releitura dos yuppies (jovens profissionais urbanos) cuja meta era alardear: "vim, vi e venci".
- Ao contrário, apresentam uma certa frustração por ter, portanto, procuram a simplicidade da vida.
- Buscam o equilíbrio entre o high e o low (alto e baixo, caro e barato, ter e ser).
- Citando Milan Kundera, a leveza do ser é insustentável.
- Ser ou não ser, eis a questão.
- Shakespeare explicaria.