- A moda, apenas recentemente, passou a ser considerada um fenômeno cultural.
- Mas muita gente ainda não acredita: roupa é cultura?
- Para entender melhor um fenômeno presente, costuma ser útil investigar o passado.
- E assim a gente descobre, tantas vezes, que o fenômeno é bem antigo.
Para melhor entender como e porque nos vestimos, voltemos no tempo, mais precisamente ao século XIV.
- Da pré história à Idade Média, viviamos na Era dos Costumes.
- Havia diferenças sim: gregos, persas e sumérios, por exemplo, vestiam-se diferentemente.
- Mas tais diferenças classificavam uma cultura, uma sociedade, não o indivíduo. E duravam séculos...
- Até a 1ª metade do séc. XIV, cultivava-se a antiguidade, a tradição.
- Na Idade Média, chamada "das Trevas", de cultura Teocentrista, o foco estava na alma, no tecido.
- Homens e mulheres trajavam túnicas (era a moda... "unissex"?).
- Mas a partir da 2ª metade do séc. XIV, a sociedade passou a privilegiar o estrangeirismo, a novidade (naquela tempo, ela já "era o máximo").
Motivo: desbravamento do novo mundo, via Cruzadas no oriente (globalização não é fenômeno recente) e a queda do sistema feudal de onde se origina a burguesia (a classe média é o motor da econômia desde então).
- Das trocas comerciais emergem paradoxos: nas formas dos corpos dos diferentes sexos, na aparência, na individualidade, enfim nos trajes diferenciados para homens e mulheres.
- Na moda masculina, o básico significava gibão (blazer), codpiece (roupa íntima), meias colantes e calção (na verdade, um short ou bermuda modelo... "ciclista").
- Na moda feminina, roupas ajustadas e decotadas, viva a modelagem!
- Nascia assim a moda, um painel de...
Signos - Fantasia Estética - Construção de Aparências - Visualidade
- A aparência foi uma vitrine da alma Renascentista, que consolida-se no século XVI.
- Sua 1ª fase é chamada de CLARA.
- Nela, o homem é um intérprete da realidade onde os horizontes expandem-se.
- Tal expansão no guarda roupa traduz-se em lateralidade.
- A "celebridade" da época é Henrique VIII, rei da Inglaterra, cujo guarda roupa era inventariado (sujeito fashion, suas roupas eram adornadas por pedrarias). Ele também adotava cores e recortes.
- Estes, na verdade, têm origem em um "acidente bélico": roupas em frangalhos de legiões suíças foram "recheadas" com trapos de inimigos abatidos em combate a fim de afastar o friiiiooo. O "efeito" arrebatou o gosto estético do rei que inspirava "a massa".
(Na moda também, "... a vida tem sempre razão...")
- Depois de tanta liberdade e glamour, anuncia-se uma fase ESCURA.
- Época da contra reforma, da inquisição, da rigidez de cores e formas.
- O ícone fashion da vez chama-se Carlos V, um rei espanhol übber sóbrio.
- Sob sua influência, a moda adota cores escuras, acolchoados, tricots e imobilidade.
- Altivez: sobre a gola do gibão, aparecem os rufos (privilégio aristocrático masculino, sedução e status femininos).
- Para elas, o corpete (nosso "fetichista" corset?) em "V" que achata os seios e o abdomen, símbolo da fertilidade; a esmoleira (bolsa "utilitária"?), a beca (overcoat?) e o farthingale (precursora da crinolina, estrutura de roupas revisitadas recentemente por, por exemplo, Dame Vivien Westwood).
- Depois deste renascimento revolucionário feito de "ups e down", a moda vê-se... Barroca.
- O século XVII é o tempo do drama, do exagero!
- O retorno da difusão da fé pós antropocentrismo é regido pelo "direito divino do rei".
- A silhueta desconstrói-se.
- O novo ícone é um herói da guarda real que usa um chapéu adornado com 1 pena e tudo o mais: o "mosqueteiro".
- Para as mulheres, a cesta básica carrega maquiagem e uma novidade nos cabelos: o fontange.
- Os homens continuam de calção, meias e gibão (agora mais curtos), mas no lugar dos claustrofóbicos rufos, adotam o "rabat", um lenço elegante e fresco, versão masculina dos fichus.
- O estilo Barroco é sucedido pelo Rococó, uma moda "OVER"!
- No começo do "Rococover" (1745/1770), sob o reinado de Luis XV, pessoas e roupas são adornadas com conchas, pedras e plantas (período precursor do Art Nouveau?).
- A etiqueta (à mesa, inclusive e principalmente) impõe-se: viva à civilidade!
- Chegamos à sociedade de Corte, via Versailles.
- Etiqueta social, lógica das aparências...
O belo é artificial!
- Nesta época, revoluções (industrial - têxtil, inclusive- americana e francesa) mudam de novo a história. E, consequentemente, a moda.
- Tecidos sofisticados, período rico no vestuário feminino: roupas claras, fluidas, maquiagem, cabelo empoado, flores (muitas flores) e... volume.
- Volume criado pelas "paniers", ancas artificiais "sem necessidade de intervenção"!
- A moda bucólica burguesa inglesa influencia sensivelmente, garantindo, definitivamente, que tudo, mais uma vez, asseguradamente, seria diferente.
- Roupas simples, robes abertos e "fichus" (lencinho colocado sobre o colo, cuja função é velar o "cache cour").
- A Revolução Francesa traz uma nova estética.
- Pós Maria Antonieta, o mito da vez chama-se Napoleão Bonaparte.
- As cores fashion são as 3 cores da nação.
- Em faixas e rosetas a moda é bleu, blanc, rouge!
- No vestiário masculino, chega de calças curtas, é tempo dos sans culottes!
- Nos pés femininos, sapatilhas.
- Afinal, algum item da moda tinha a obrigação de manter os nossos pés... no chão.
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