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SURFACE DESIGN by DBStudio

outubro 07, 2009

Moda, Espelho da Vida

1

"Sempre dizem que o tempo muda as coisas,
mas, na verdade, é você quem tem de mudá-las."

Andy Warhol
  • Por mais que a genialidade dos designers seja ovacionada, uma coisa é certa: o insumo de suas criações são as matérias primas disponíveis. E mesmo quem pode “bancar” o desenvolvimento de produtos exclusivos esbarra em outra barreira do processo criativo: a democracia da informação.
  • Um exemplo recente (2004) foi a força que o filme “Titanic” exerceu sobre as coleções de top grifes (Chanel, Valentino, Prada, etc): suas coleções foram desenvolvidas sobre (o austero) tweed. Rejuvenescido pela companhia do “forever young” jeans.

2

  • Karl Lagerfeld repaginou um estilo clássico (o andrógino, mix de masculino e feminíssimo), popularizado por Coco Chanel entre 1950 e 1960, utilizando um tecido antigo (popular na Inglaterra, nos idos de 1890). (3)
  • Popularidade é sinônimo de aceitação avassaladora. As celebridades espelham o conceito.
  • Ser popular é ser consumido por muitos e desejado por muito mais gente. É “alcançar o estrelato”.
  • A despeito do glamour, grifes são produtos e designer são empresários; ou funcionários.
  • Objeto de consumo, algumas vezes condecorada com o título de “obras de arte”, “moda” é feita para vender, e o objetivo da venda não é o prejuízo: é o lucro.
  • O alvo da novidade do agora, do ponto de vista financeiro, é o reconhecimento popular.
  • Desde que no devido tempo...
  • Segundo Karl Lagerfeld a cópia (que ele, gentilmente, chama de homenagem) é um fato normal. Que deixa todo o mundo feliz: quem compra o “genérico” lucra no preço, quem consegue pagar pelo original lucra, inclusive, na embalagem...
  • Marcas consagradas sabem que apenas a camada que ocupa o ápice da pirâmide social não sustenta o negócio. Por isso muitas grifes têm uma segunda marca: mais popular, mais repetida, mas nem por isso de qualidade inferior.
  • Para Donna Karan, o know how da marca top (a DK) está presente na DKNY, sua “marca de difusão”.
  • O estilista Michael Kors informa: “dinheiro não determina o gosto”.
  • No entanto, por mais que o ciclo da moda (como o da vida?) tenha uma curva previsível (novidade-aceitação-consumação-rejeição), o processo está sendo acelerado. A obsolescência (programada?) acontece à revelia do “bom e velho” padrão (“alguma coisa está fora da ordem mundial” ).Culpa, a princípio, da velocidade e da democratização da informação facilitada, em última instância, pela Internet.
  • Se as revistas “educam” democraticamente os consumidores, elas também aceleram o processo de vulgarização de uma tendência.
  • É como se o ciclo da vida passasse da infância à senilidade, sem mesmo deixar espaço às lembranças.
  • Os vestígios desvanecem num piscar de olhos. Ou de celulares.
  • Didier Grumbach, presidente do sindicato de alta-costura e prêt-à-porter francês, disse, em 2003, que pretendia vetar a cobertura da imprensa nas semanas de moda na França.
  • Motivo: os “espiões” das redes de “fast fashion” reportam as tendências dos desfiles, em tempo real, aos empresários de lojas populares, que as disponibilizavam, muitas vezes mais rapidamente, do que seus criadores.
  • Atitude antidemocrática? Não, esta parece mesmo ser a única saída.
  • Afinal, permitir a “cola” é um ato “kamikase”.
  • Sem dúvida alguma, a moda, desde a época em que era apenas uma indumentária, reflete a cultura, a geografia, a economia e a história ao longo do tempo.
  • Dizer que a humanidade veste-se por pudor não é totalmente plausível, afinal muitas são as modas destinadas a despir: da renda ao topless, passando pelos decotes, mini saias e corsets.
  • Dizer que a roupa tem a função de proteção também não responde 100% à questão: sob frio ou calor intensos, as sociedades divergem quanto à solução de problemas tão diversos.
  • Há quem jamais descubra a cabeça (e.g. burca), há quem sempre opte por peças que, efetivamente, desprotegem (e.g. salto alto) o corpo, ou parte dele.
  • A moda é, de fato, uma forma visual dos consumidores expressarem a vida que vivem. E as mudanças decorrentes.
  • O espartilho – sinônimo recente de roupa de cortesãs – era símbolo de status até que o estilista Paul Poiret, nos anos 20, enterrou a peça torturante, libertando as mulheres do seu tempo.
  • Na moda masculina, a camiseta branca foi usada sob as camisas até virar top, via os “rebeldes sem causa”, como Marlon Brando no filme “Um Bonde Chamado Desejo” de 1951.
  • A popularidade da arte contemporânea confirma que as mudanças do estilo de vida refletem-se no que é classificado pela sociedade como “moda”: moderno, aceitável, desejável, aplaudível e consumível, se possível (e.g. o grafite, antes vandalismo, hoje interferência na paisagem urbana exposta em museus).
  • Atualmente, é grande o número de “free lancers”: esta gente, que trabalha em casa, vai investir em “n” “tailleurs” e ternos ou em roupa casual mais decoração e arquitetura, privilegiando seus gastos em closets e “home offices”?
  • A moda, no sentido estrito, deve refletir o tempo de quem a utiliza.
  • Se antecipada, não consegue ser entendida (e nem poderia ser chamada de “moda”); se postergada, é rejeitada (ganhando o título de “démodé”, “fora da moda”).
  • No final das contas, a moda é, "noves fora", o espelho da atualidade.
  • Mas a forma tem de ser mudada. No momento, a forma como se apresenta parece estar fora de ordem...

  • Fontes:
  1. Isto É (Karl Lagerfeld-Chanel (2004)