- Qual é a atitude, o plano, o projeto, a tendência ou a moda que está no topo da moda no mundo inteiro?
- Sem sombra de dúvida, é a globalização.
- Parafraseando Chacrinha, "quem não se globaliza exclui-se".
- E não há pessoa, física ou jurídica, que opte pela exclusão digital.
- Os governos têm projetos, geralmente em parceria com empresas do setor privado, que visam incluir digitalmente seus cidadãos.
- A informática permite que a defasagem cultural esvaneça-se. Logo, que a cultura difunda-se.
- Mas será que globalizar-se significa, necessariamente, perder a identidade?
- No ramo da moda, há espaço para o produto verde e amarelo, legitimamente "made in Brasil", ou estamos fadados a reproduzir a moda "übber" das clássicas capitais (Londres, Milão, NY, Paris)?
- Seguindo uma tendência mundial que já acontece, há anos, em outros setores, a cadeia têxtil-vestuário brasileira passa por um marco profissionalizante.
- Além de marketing, desenvolvimento de produtos e design, a reestruturação financeira das marcas adéqua a criação ao objetivo empresarial: a administração profissional orientada ao lucro.
- Grifes adquiridas por conglomerados financeiros tornam-se empresas onde o sonho do artista é transformado em negócio, garantindo assim a competitividade de seus produtos em um mercado cada vez mais “oligopolizado”.
- O mercado na “mão de poucos” é um fenômeno – bom ou mal - causado pela globalização.
- Porém, por maior que seja a pulverização da informação e a profissionalização da indústria da moda (implicando de certa forma numa “pasteurização da criação”), as diferenças regionais não podem ser ignoradas.
- A “moda praia” brasileira é um “case” de sucesso graças à adaptabilidade, absolutamente necessária quando o objetivo é produzir para o mercado externo.
- Quando os trajes de banho “made in Brasil” aportaram nos EUA e na Europa, foram muito bem aceitos. Porque os produtores adaptaram a modelagem “para exportação” ao desejo de consumo/comportamento das consumidoras internacionais.
- Por outro lado, apesar das especificidades locais, o consumo é movido a novidades.
- O diferente, o exótico e o folclórico permeiam, mais ou menos, os diversos ciclos da moda.
- Recentemente, o mundo voltou seu olhar para a África (principalmente a partir da candidatura seguida de posse do Presidente Barack Obama).
- Mark Jacobs, brilhante designer e pesquisador de tendência, captou o “zeitgeist” e lançou a sandália “Spicy”, inspirada em máscaras tribais.
Esta lição do valor dos produtos e da cultura regionais deve ser aprendida e apreendida pelos criadores brasileiros. - Nossas rendas, nossa vocação festiva, nossa música e charme tropical são insumos ao dispor dos designers brasileiros.
- As sandálias Havaianas (“as legítimas, que não deformam, não soltam as tiras e não têm cheiro”), é um “case” de um produto genuinamente nacional que após consolidar-se no mercado interno expandiu suas fronteiras e ganhou o mundo.
- A primeira Havaianas surgiu em 1962 e foi inspirada na Zori (sandália japonesa).
- Na década de 80, as sandálias faziam parte da cesta básica nacional.
- O plano de marketing do lançamento do produto no mercado internacional teve início em 2003, quando a empresa começou a presentear os participantes do Oscar com sandálias exclusivas. Em 2007, a expansão da marca consolida-se quando a empresa estabelece-se nos Estados Unidos. Em 2008 a empresa abre seu escritório europeu na cidade de Madri.
- A Natura (empresa de cosméticos) tem como objetivo ser líder na América Latina e busca o mercado mexicano.
- Mais um exemplo? A Melissa, marca símbolo de design da Grendene, presente nos cinco continentes e parceira de designers aclamados das mais diversas nacionalidades.
- Dentre as grifes, o estilista brasileiro Carlos Miele está presente em Nova York e em Paris.
- A grife carioca Osklen (de Oscar Mitzvah) tem lojas no exterior em Manhattan, Lisboa, Roma e Tóquio.
- E o paulista Alexandre Herchcovitch é referência, entre outros lugares mundo afora, na página (em inglês) da Wikipédia.
- Essas marcas comprovam que no setor moda a identidade brasileira é forte, sui generis e desejável, inclusive nas capitais da moda.
- O sucesso da empreitada depende, no entanto, de um plano de negócios bem estruturado com foco em marketing e orçamento robusto.