- "Desde a Grécia antiga, produtos de luxo recebem o carimbo da imoralidade.
- Eles representam lixo, superficialidade, inadequação de riqueza. Não têm necessidade de existir."
- O autor da frase é o sociólogo Gilles Lipovetsky, escritor de vários livros, entre eles "O Império do Efêmero".
- Em um dos trechos do livro, o consumo é assim definido:
- "... lazer fácil, a fugacidade das imagens, a sedução distrativa da mídia só podem sujeitar a razão, enviscar e desestruturar o espírito. O consumo é superficial, portanto põe fim à razão; as indústrias culturais são estereotipadas, portanto a televisão embota os indivíduos e fabrica moluscos descerebrados.
O feeling e o zapping (ficar mudando de canal de tevê rapidamente, com controle remoto) esvaziam as cabeças; o mal, de qualquer modo, é o superficial, sem que se chegue a desconfiar nem por um segundo que efeitos individuais e sociais contrários às aparências possam ser a verdade histórica da era da sedução generalizada....".
- Em meio à 1ª crise do século XXI, em que os índices da bolsas de valores tornam claro a debaclè do capitalismo neo-liberal (onde o Estado deixa aos mercado a tarefa da auto-regulamentação) e a globalização leva, aos 7 mares, tanto a informação quanto a recessão, o efêmero também é atingido.
- Consumidores do luxo, setor considerado à prova de choques, reprimem seu apetite.
- Vamos da teoria aos fatos:
- As liquidações de grifes nos EUA tiveram um resultado desastroso.
- Em Tóquio, a Louis Vuitton cancelou a inauguração de sua loja mais requintada.
- E a francesa Chanel cortou, recentemente, 200 funcionários temporários (para a empresa, a pior ação de RH, desde 1939, quando Coco Chanel demitiu o staff inteiro, no espocar da 2ª GGM).
- As semanas de moda, adequando à conjuntura, tendem a mostrar uma moda mais "pronta pra vestir" do que sempre.
- A opinião desse web-site é que o luxo não tem nada de imoral.
- O luxo é relativo. A extravagância de uns pode ser a esta básica de outros.
- Além, ele (o luxo) cria empregos.
- Como disse Lipovetsky, há na moda "... um caráter libertário, (que) faz dela signo das transformações que anunciaram o surgimento das sociedades democráticas..."
- Desde que haja "fair trade", a excentricidade de uns (poucos) é o sustento de outros (tantos).
- Já que não tivemos a sorte de nascer com a exuberância natural dos pavões, criamos artifícios para diferenciarmo-nos de pares ingratos.
- A fim de atrair personas gratas.
- Diferenciações que nos levam à meta de tornarmo-nos iguais.
- A quem?