Isabella Blow (2004)
- Estava "passeando pela internet" quando me deparei com este artigo escrito em 1952.
- Nele, estilistas discorrem sobre como seria a moda no ano 2000.
- Apreciem a "viagem" dos caras, sem moderação.
"Trajes eletronicos
Qual será a moda feminina para o ano 2000? A "Revue de la Pansée Française" publica as opiniões dos mais famosos representantes da alta costura parisiense a esse respeito. As opiniões são as mais autorizadas. Naturalmente, para profetizar no dominio da moda.
Carven pensa na linha pura dos gregos: Por que a mulher do ano 2000 não se vestiria com os drapeados à antiga? Mas, ela modernizará o penteado em triangulo, fazendo uma verdadeira antena, capaz de captar as ondas hertziana, que permitiria às mulheres receberem mensagens enquanto andam pela rua. Prevê Carven a transformação dos panos livres do vestido em asas elétricas. Isso lhes permitiria transportar-se sem necessidade do automovel ou do avião. Seria a mulher "Radiovolante".
Christian Dior vê a mulher do ano 2000 vestida de peles de animais. O que pode significar que Dior julga que a humanidade voltará à idade da pedra e os homens voltarão a viver nas grutas. Nesse caso, pensam os jornalistas que as cavernas deverão possuir aquecimento central...
Jacques Griffe é de opinião que no ano 2000 se poderá almoçar em Nova York e jantar em Taiti; e as viagens à lua e aos demais planetas serão coisas comezinhas. Daí a idéia de um vestido de noite com calças, de tecidos especiais capazes de resistir aos efluvios terriveis da bomba atomica.
Um desenho de Jacques Heim
Impressionado com a pergunta, Jacques Heim criou um desenho de vestido determinado por duas tendencias principais: o desenvolvimento das ciencias eletronicas e nucleares permitirá a cada individuo enriquecer-se de orgãos ineditos de comunicação e de proteção; e não tendo o espirito mais em que pensar, homens e mulheres libertados, se entregarão às delicias da vida em sociedade. Por isso, o traje que Jacques Heim propõe para o ano 2000 é, ao mesmo tempo, cientifico e naturalista. Compõe-se de duas peças metalicas que servem de apoio ao tecido. A primeira, que ele chama de "capotone", coroa metalica vasia, de autodedução, na qual estarão colocados diversos aparelhos, tais como: "condensador de idéias", "cerebro-freio", "emissor de opiniões", "receptor telepatico", etc. A cabeleira será trançada verticalmente ao redor de uma antena vasia, que serve tambem de lampada para publicidade individual: radar detentor de sorriso e maquilagem luminosa, regulando o brilho do rosto. O traje - capa e saia - será de tecido "Hiroshima", naturalmente impermeavel às radiações atomicas. A capa cai num drapeado elegante; o "bottomographe", central eletronica que comporta à frente condicionamento de ar para o interior do vestuario, por raios infravermelhos; para a marcha e a natação, os pés serão guarnecidos com escamas reatoras a passo variavel e o corpo vestido de uma rede de pesca.
Chapéus-antena
Marcel Rochas pensa que a mulher do ano 2000 usará chapéu-antena. A bolsa será substituida por um aparelho de televisão e telefone portátil. Ele pensa que as palavras serão transmitidas, não pelos labios, mas pelas vibrações da garganta. A mulher será vestida com uma tunica à antiga, curta, com um véu. Permanecerá muito feminina, mas envolvida numa rede de antenas que lhes permitirão captar as novidades de todo o mundo.
De acordo com essas opiniões autorizadas de mestres da alta costura, a maioria dos criadores de moda é de parecer que o vestuario das mulheres se adaptaria a todas as invenções modernas.
Somente Dior é otimista nesse sentido, prevendo a volta às peles de animais, isto é, à era da pedra lascada. De qualquer maneira, todas as opiniões são admissiveis, num terreno em que tudo pode acontecer - a moda." Almanaque Folha Uol
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