História: movimento artístico europeu, que aparece primeiramente na França, entre o Barroco e o Arcadismo. Visto por muitos como a variação "profana" do Barroco, surge a partir do momento em que este liberta-se da temática religiosa e começa a incidir na arquitetura de palácios civis. Literalmente, o Rococó é o Barroco levado ao exagero.
Época: século XVIII (entre, aproximadamente, 1715 e 1789 - queda da Bastilha)
A palavra “rococó” tem em origem em “rocaille” (concha, em francês).
O rococó também é conhecido como “estilo regência”.
Principais características do movimento ROCOCÓ:
1. Elementos: cores claras; tons pastéis e douramento; representação da vida profana da aristocracia; representação de alegorias; estilo decorativo, leveza na estrutura das construções. unificação do espaço interno, com maior graça e intimidade, texturas suaves; uso abundante de formas curvas e profusão de elementos decorativos, tais como conchas, laços e flores.
2. Sociedade: a sociedade de corte francesa (final do reinado de Luis XIV, o Rei Sol, alcançando o apogeu na época de Luis XVI – seu neto – e Maria Antonieta, guilhotinados em 1793). A situação da França no século XVIII era de extrema injustiça social na época do Antigo Regime. O filme “Ligações Perigosas” ilustra a sociedade da época. O Terceiro Estado era formado pelos trabalhadores urbanos, camponeses e a pequena burguesia comercial. Iimpostos: pagos somente por este segmento social com o objetivo de manter os luxos da nobreza. O clero também não saiu impune, pois os bens da Igreja foram confiscados durante a revolução. 1789: a Assembléia Constituinte cancela todos os direitos feudais existentes e promulga a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
3. Cultura: “O belo é artificial”. Versalhes dita, inicialmente, os parâmetros de moda e etiqueta. “Se não tem pão, que comam brioches” (frase atribuida à Mª Antonieta, na verdade uma lenda).
Mais tarde, a bucólica burguesia inglesa – “terra da liberdade” - é o modelo de comportamento almejado. Surge a “anglomania”.
4. Religião: a igreja católica, na França, divide os poderes com o Estado, o rei – absolutista – é considerado um representante de Deus, e proclama: “o Estado sou eu”.
5. Artes: atmosfera de ópera.
I. Arquitetura: Cores vivas substituem tons pastéis, luz difusa inunda os interiores por meio de numerosas janelas, relevo abrupto das superfícies dá lugar a texturas suaves. A estrutura das construções ganha leveza e o espaço interno é unificado, com maior graça e intimidade. A arquitetura rococó é marcada pela sensibilidade, percebida na distribuição dos ambientes interiores, destinados a valorizar um modo de vida individual e caprichoso. Essa manifestação adquiriu importância principalmente no sul da Alemanha e na França. Cúpulas de igrejas menores do que as barrocas. Guarnições douradas de ramos e flores, povoadas de anjinhos, contornam janelas ovais, servindo para quebrar a rigidez das paredes. A expressão máxima dessa tendência são os pequenos pavilhões e abrigos de caça dos jardins dos palácios. Construídas para o lazer dos membros da corte, essas edificações, decoradas com molduras em forma de argolas e folhas transmitiam uma atmosfera de mundo ideal. Nesse panorama dissimulado, surgiam no teto, imitando o céu, cenas bucólicas em tons pastel. Na metade do século, o "estilo Pompadour" já constituiu uma variante do rococó: curvas e contra curvas animam as paredes e os ritmos decorativos, afirma-se a assimetria, a trama linear invade tudo. As Vilas construídas para a favorita de Luís XV sugerem a evolução de um gosto que se desenvolve com pequenas oscilações. Os móveis, importantíssimo complemento da construção arquitetônica, assumem uma transcendência particular. De um lado isto decorre da exigência, de determinados arranjos. De outro lado a variedade cromática, devido ao emprego de madeiras raras marchetadas, ornadas de frisos dourados, é acompanhada pelo requinte de suas linhas. Acompanha tudo isso o gosto pelos bibelôs.
II. Pintura: abandono dos afrescos. Em seu lugar, os arrases que pendem macios das paredes e torna íntimo e discretos os ambientes; os recursos do barroco são liberandos de sua pesada dramaticidade por meio da leveza do traço e da suavidade da cor. Agora o quadro tem pequenas dimensões, passando a ser colocado nas entreportas ou ao lado das janelas, onde antes eram colocados os espelhos. Por vezes os quadros têm um lugar reservado: são os cabinets de pintura, onde se reúnem os entendedores para apreciar as obras. As cores preferidas são as claras. Desaparecem os intensos vermelhos e turquesa do barroco, e a tela se enche de azuis, amarelos pálidos, verdes e rosa. As pinceladas são rápidas e suaves, movediças. A elegância se sobrepõe ao realismo. As texturas se aperfeiçoam, bem como os brilhos. O material preferido para obter o efeito aveludado das sedas e dos brocados, a transparência das gazes e o esfumado das perucas brancas são os tons pastel. Esses pigmentos de cores diferentes, prensados na forma de pequenos bastões, ao serem aplicados sobre uma superfície rugosa vão se desfazendo e é preciso fixá-los com um líquido especial. Neste período, a técnica do pastel atinge seu ponto máximo de excelência.
III. Escultura: Os escultores do rococó abandonam totalmente as linhas do barroco. Suas esculturas são de tamanho menor. Embora usem o mármore, preferem o gesso e a madeira, que aceitam cores suaves. Os motivos são escolhidos em função da decoração.
Dois artistas notórios da época: os pintores Antoine Watteau e Jean-Honoré Fragonard, retratistas das belles savantes, como Madame de Pompadour.
Principais características dos artistas:
1. Fragonard (1732/1806): obra icônica: “O Balanço”; exuberância e hedonismo, intimidade e erotismo. Manipulação de cor local e expressiva. O rococó revela uma obsessão muito particular pelas sedas e rendas que envolvem as figuras. Os retratos de Nattier e as cenas galantes de Fragonard são as obras mais representativas desse estilo.
2. Watteau (1684/1721): pinturas de temas galantes e pastorais inspirados na commedia dell'arte (comédia popular, em oposição à erudita. Personagens típicos: arlequim e colombina). Os simétricos jardins franceses foram pano de fundo de seus quadros. Prazeres quotidianos da sociedade burguesa associados a uma grande variedade de trajes que fizeram moda à época (como o robe à la française ou vestido sack-back ou robe Watteau). Seus quadros são um retrato vivo e em movimento de uma época considerada decadente, mas extremamente elegante e requintada.
Resumo:
O Rococó retrata um período que vai do absolutismo monárquico à instituição da democracia na França, berço e cemitério de uma sociedade a princípio vertiginosamente piramidal e no final, graças aos ideais iluministas, símbolo do lema “liberdade, igualdade e fraternidade”. No final do século XVIII, a sociedade havia se transformado, e a moda também: era chegada a época do Neoclassicismo.
Os elementos do estilo rococó (rendas, laços e exageros) são significativas fontes de influência para designers contemporâneos (coleção Rococo primavera verão 2011 de Coco Rocha, por exemplo), quando a temática é o romantismo.
Fontes:
1. Sites: Wikipédia; História da Arte; HistóriaNet, Style Rumor
2. Filme “Ligações Perigosas” de Stephen Frears (1988)
3. Livro “Maria Antonieta” de Antonia Fraser – Ed. Record (2006)