LV - Out 2011/2012 |
Na cor da capa e/ou dos tipos (letras), do baton ao penteado da modelo, nos artigos ali destacados, há mensagens subliminares. Como num classificado de carros ou imóveis, o que aparece pertence aos anunciantes. Como a "cor da temporada", o destino "imperdível", o estilista "da hora", a tendência da temporada e a "beleza" da mulher de 30, 40, 50, 60, 70 e mais (as 3 últimas entraram no "ranking" apenas recentemente: o consumidor é senhor do destino da economia). Tendência - digo e repito, porque me intriga o rumo que o significado se tornou - é, por definição, vetor. Vetor é movimento. Moda - já disse várias vezes, repito porque... me intriga a força dos costumes, capaz de "reconceituar" o léxico - é repetição (a estatística confirma).
As revistas de moda são instrumentos de divulgação comercial do setor "fashion" (do perfume ao sapato). A Vogue foi apelidada de "bíblia" da moda pelo seu "poder" de "instruir" suas "fiéis seguidoras". Numa de suas últimas edições, publicou o "enterro" dos coques (resignei-me, mas, in ou out, facilitam meu dia-a-dia, logo continuarei "pecando"). Contrariando o "dogma", o Ela publicou que o enroladinho "aconteceu" na última SPFW.
Mas há quem siga a moda à risca. Mudam a cabeça, o perfume e o salto conforme "manda" o figurino. Aplaudidos pelo "sistema", são rotulados pelos analistas de comportamento como "fashion victims". Interessante ressaltar que o termo foi cunhado por Oscar de la Renta.
Euzinha prefiro não criticar os "estilos pessoais", respeitar as diversidades é preciso: há quem se sinta muito bem se estiver como todos estão, como alguns estão, como os outros estarão, como ninguém nunca pensou ou quererá estar.
Vítimas da moda, mesmo, é aquele que perde a vida apenas porque é bonito por natureza.
O artigo vintage abaixo (republicação do original de 1937) li, hoje, no Ela (O Globo) *, aplaudi (de pé) e repasso.
"QUANTAS VÍTIMAS VOCÊ FEZ HOJE PARA SER CHIC?"
"O
post de hoje é inspirado nas discussões sobre sustentabilidade da
Rio+20. A matéria abaixo, publicada pelo O GLOBO em 1 de agosto de 1937,
num suplemento feminino, aponta a preocupação com a questão na moda
desde os anos 30 no Brasil e mostra que a indústria não mudou muito.
"Quantas vítimas você faz para ser 'chic'?
Olhe a gravura, leitora amável... Veja esta mulher elegante e vestida com extremo bom gosto, como milhares de outras. Tal como está, sabe quanto animais foram sacrificados para o seu 'chic'?
A lebre é transformada em feltro para o chapéu.
Do ganso se extrai a pele para a bolsa.
O carneiro dá lã para o costume.
Da serpente saem os sapatos."
O pássaro oferece o enfeite que guarnece o chapéu.
Dos chifres do boi fazem-se os botões.
As luvas são tiradas do antílope.
O bicho da seda produz as meias.
Falta, porém, um bicho na coleção. É ele que fornece tudo isso... Sabe quem é, não?"
* No mesmo caderno, encontrei um dos colares belíssimos e super autorais de Henriete Moreira (fashion designer e amiga querida!). Link-se.
"Quantas vítimas você faz para ser 'chic'?
Olhe a gravura, leitora amável... Veja esta mulher elegante e vestida com extremo bom gosto, como milhares de outras. Tal como está, sabe quanto animais foram sacrificados para o seu 'chic'?
A lebre é transformada em feltro para o chapéu.
Do ganso se extrai a pele para a bolsa.
O carneiro dá lã para o costume.
Da serpente saem os sapatos."
O pássaro oferece o enfeite que guarnece o chapéu.
Dos chifres do boi fazem-se os botões.
As luvas são tiradas do antílope.
O bicho da seda produz as meias.
Falta, porém, um bicho na coleção. É ele que fornece tudo isso... Sabe quem é, não?"
* No mesmo caderno, encontrei um dos colares belíssimos e super autorais de Henriete Moreira (fashion designer e amiga querida!). Link-se.