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Espectadora remota, vejo alguma coisa da festa de Momo, ou de relance na cidade, ou pela tela da TV. Em bloco ou à avenida "vou não, posso não", mas admiro - muitas vezes estupefata - os foliões.
Quanto empenho dessa gente feliz, que trabalha prazerosa e generosamente em prol do setor turístico, que agradece penhorado.
A economia está além de cálculos e projeções: é ciência social.
A moda - outro espelho de comportamentos - também está intimamente presente no evento anual, e hoje, o que se viu na dispersão de um grêmio recreativo na "Cidade do Samba" carioca foi... gente passando bem mal por conta do que vestia.
Roupa: cobertura de pele, cuja função é seduzir, velar, defender e ...aquecer! Em pleno verão tropical, sob 30 e mais graus à noite, quem merece "sapucar" - exercício aeróbico "queimador" de calorias - sob tecidos sintéticos (questão de custo/benefício), veludos ("fina" aparência), penas e plumas (farta imponência)? Quando a pele não respira, o corpo padece. Imagina a temperatura dos corpos dos "soldados" do samba!
Com relação às plumas, a realidade é mesmo triste, principalmente para quem tem consciência e coração "verdes", porque, é claro, a "indústria" não aguarda que elas se desprendam naturalmente dos corpos de seus donos para só então "upciclar" o "lixo derramado". A realidade é absurdamente cruel e obviamente desnecessária, dado que o motivo é vão (festa?!?). Pena que moda e ética ainda sambem em total descompasso. Muita pena dos donos das penas...
Imagem: Mocidade - 2012 - O Globo