Disse Lavoisier (o "pai da química moderna"): "na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma".
Inspirada por esta frase, "transformei" o título do livro do brilhante estilista Alexandre Herchcovitch - "Cartas a um Jovem Estilista" - no título desta postagem. Porque inspiração é essencialmente a fonte dos estilistas...
Uma informação aqui, uma imagem ali, experiências, surpresas, constatações, tudo isso é matéria prima na hora da criação. Pode até ser que um cheiro desencadeie uma ideia que se transforme no objeto de pesquisa do processo de criação, o que, tecnicamente, chama-se "tema".
Tema é um conceito: a explicação fundamentada da coleção.Por isso, geralmente, na passarela, é apresentada, ao menos, uma peça conceitual, aquela que não pertence ao universo comercial: sua função é "tão somente" comunicar a proposta das peças feitas "para vender".
ON OFF > Tempo Antagônico
A peça conceito da minha coleção de formatura (imagem acima) foi inspirada na "Vênus em Trapos" (imagem abaixo) de Michelangelo Pistoletto.
1967-1974
A coleção chamou-se "ON OFF" devido ao tema que elegi: "Tempo Antagônico: uma pesquisa exploratória sobre o Zeitgeist do início do século XXI.".
Do tema surge a coleção, dividida em 3 famílias:
Família 1: Evasão de Privacidade
Família 2: a Mágica das Transformações Virtuais
Família 3: Criações Coletivas: redes sociais, ou "Juntos!"
No GPS fashion, a rota é:
Inspiração > Pesquisa > Fundamentos > Transpiração > Confecção!
Formada em Economia, com pós em Admnistração Financeira, "pertenci" ao mercado financeiro por muito tempo. Quando decidi estudar a moda, já sabia que estava enveredando por um universo tão ou mais complexo do que o "mundo das finanças": do comportamento dos agentes econômicos, das variáveis que geram equilíbrios apenas estáticos, da aparente "frieza" nas negociações, etc.. E era isso mesmo o que eu queria, afinal, comportamento é o que rege o mundo (das finanças à moda).
Portanto, caro(a) aspirante a estilista, prepare-se para estudar muito e sempre. Como em qualquer carreira, essa é a "cereja do bolo" dos experts.
E também para as críticas: nem todos vão aplaudir; alguns vão criticar sem "dó nem piedade". O processo é dolorido, exaustivo e às vezes - só às vezes - quase brilhante.
Mesmo com toda a aura de glamour do que é, no final das contas, tão somente um trabalho, escolha permanecer fiel aos seus princípios. Faz muita diferença.
O "mercado" será o maior desafio, afinal "o que não vende, não é moda", palavras do (sábio) Tom Ford.
Dame Vivienne Westwood - nos anos 60, "a mãe do punk", hoje ativista ferrenha da sustentabilidade - contrariando a "lógica do mercado", em um de seus manifestos, declarou: "Compre menos, escolha melhor".A vocês, desejo: energia, ética, ócio criativo e... boa sorte!
PS: agradeço, mais uma vez e sempre, à "übber model" Isa Lorenzo (graduada em Avant-garde Make-up Artist, pelo MUD). Love, love, luv...