Da genesis ao thanatos (fibra, a criação; roupa, o fim), as variadas etapas de uma vida apressada que habita a indústria da tecelagem.
- Fibra: de origem natural, artificial ou sintética, matéria prima da manufatura. Nos teares, transforma-se em fios, que tecidos ou tramados, dão origem às roupas.
- Roupa: forma tridimensional de múltiplas funções. Ela protege, camufla, vela, seduz, intimida, exclui... A roupa transforma...
- E transforma-se: farrapos de guerra tornam-se distinção na roupa de um rei; lonas de caminhão com costura reforçada (Levi Straus), uniformes de mineiros no século XIX, simbolizam, 1 século mais tarde, o jeans “de luxe”. O underwear exposto pela “juventude transviada” dos "50" dá origem a mais um artigo indispensável no guarda roupa casual: a Tshirt branca. Que teve origem na “chemise” alva, hoje nome “fino” de camisa, na Renascença (séc. XV) mera “roupa de baixo” sinônimo de asseio.
- Do panejamento grego, sem costuras, surgia a técnica de “moulage”, nas mãos de Madeleine Vionnet, a diva dos drapeados.
- Tais dobraduras, oriundas do excesso de tecido das clássicas vestes gregas (na era aC), assumem mais uma forma: o pragueamento (ou plissado). Tais dobraduras – origamis? – construiram 1 dos 50 vestidos que mudaram o mundo: o Delphos (de Mariano Fortuny / 1915).
- Dependurados em cabides, pendem apoteoses “pop” de um imaginário “elitista”: Mondrian (um dos artistas do movimento “de Stijl”, do século XIX), alcança a “beleza universal”, 21 anos após sua morte, pelas linhas geniais de Yves Saint Laurent. Viva o estilo!
- Elsa Schiaparelli apropria-se, consensualmente, da arte surreal de seu contemporâneo e amigo Salvador Dali. No imaginário dela, em tempos de guerra (circa 1940) as roupas também “provocam”. É verdade!
- O “new look” de Dior, no final dos anos 40, foi oriundo, na verdade, de “um museu de grandes novidades” . Mas Carmel Snow (editora da Harper's Bazaar de 1934 a 1958, dona da frase "what a new look" que batizou o estilo dos anos 50) não percebeu. A “cintura de vespa” já era “ambição” no século XVIII!
- O minimalismo (traduzido com excelência pela CK), enquanto ícone fabril, pode ser resumido em 3 letras e nada mais: LBD (“little black dress”). E 1 “face”: Audrey Hepburn.
- A manipulação de (fibras transformadas em) tecidos é poderosa: via Morphos, o deus dos sonhos, encarnam desejos.
- Na mente do consumidor, confunde-se com necessidades.
- Roupas são uma espécie de morfina social, há muito estabelecida: entorpecem e fazem sonhar...
- Um “sapatinho de cristal” (grife), pela varinha de condão de uma Fada Madrinha (estilista), adquire o poder de transformar a Gata Borralheira (“gente como a gente”) em Cinderela (“celebridade”).
Roupa: espírito do tempo, vitrine de comportamentos, supermercado de estilos, império do efêmero, contradição lógica em perpetuum móbile . Alomorfia têxtil. E repetição...
- A moda sonha,
- A moda fala,
- A moda muda.
Fontes:
http://wikipedia.com/ ;http://www.autenticaeditora.com.br/download/capitulo/20100913111905.pdf ;
http://mfashionart.blogspot.com/2010/07/de-mondrian-yves-saint-laurent.html;“O tempo não para” (Cazuza / Arnaldo Brandão); http://www.italianos.it/2008/Noticias/Integra.aspx?materia=17703